terça-feira, 26 de maio de 2009

Gilberto vai com os outros.

Na minha escola, o mau-humor parece consumir todos os funcionários. Eu estava num momento meu, muito meu, fugindo da 'parada de troca de comando' (pra os que não sabem, quando acontece alguma coisa de muita importância na escola, temos aquelas paradas militares que duram três horas de puro sol na cara e posição imóvel, sabe?). Para tal peripérsia, assumi o posto de sub-xerife (que sempre fica na porta da sala em paradas matinais, mas não em paradas como a que estava acontecendo). Até aí tudo bem, meu cinismo é ótimo nessas situações. O problema todo foi eu inventar de sair pra tomar café na cantina. Volto eu do meu percurso sala-cantina com um strudel tamanho GG e um copo de 350ml de refrigerante de guaraná em mãos, um cada em cada mão, evidentemente, concentrando-me para que o refrigerante não transbordasse do copo enquanto eu andava, quando sou surpreendido por uma sargento-vigia do pavilhão:
- Aluno!
- Ooooi?! - Só com essa fala, acabo de assumir completamente o erro. Vulgarmente, "a máscara me serviu". - É comigo? - Muito bem disfarçado. Agora sim...
- Fazendo o quê fora da sala? - olha fulminantemente para o meu strudel, que pareceu murchar ao ser encarado - E com comida ainda?!
- Ah, tenente...
- Sargento! - ela exclama, me interrompendo.
- SÉRIO?! CAAAAARA DE TENENTE! - Lição dois: sempre amacie o ego de militares. Eles adoram. - Mas então, como eu ia dizendo, cheguei na escola atrasado e sem tomar café ainda. O carro de meu pai foi quebrar logo no meio do caminho. Já falei com o tenente e ele permitiu. Que eu comesse alguma coisa.
- Sim... mas o que faz você estar indo para a sala e não para o corpo de alunos? (lugar onde eu, evidentemente, deveria ter ficado o tempo todo)
- Ah, tenen... sargento, eu vi algumas pessoas na porta de suas salas e fiquei também.
- Quer dizer então que se todo mundo pular de um prédio você também pula?
- Ah, isso vai depender do que tem em cima do prédio ou do que está debaixo dele. - depois de dizer isso, caprichei na cara de aluno-fofo-inocente.
Ela segurou o riso e mandou que eu voltasse para a sala.


Nada como alegrar um momento para salvar o próprio dia.

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