terça-feira, 19 de maio de 2009


Para os fiéis, traição
para os amigos, indiferença
para os atentos, distração
para os amantes, repulsão

Para tudo, nada
para o sábio, ignorância
para o celibato, tara
para o gentil, arrogância

Encarecidamente, peço que me deixem esquecer. O meu me importar está cada vez mais irritante, eu cada vez mais falante e, por falar, errante. Aprenderei que ignorar é virtude, que ser igual é ter atitude e que apenas um sorriso basta.
Dedicar-me-ei à literatura: os contos são sempre muito mais fascinantes que a vida real. Talvez eu escreva um conto sobre quem eu seria se não estivesse correspondendo às expectativas.
Todos os domingos irei à igreja, rezarei pelo mesmo Deus de todos. Ao fim, tomarei a hóstia em gesto de respeito e devoção depois de já ter contado todos os meus erros à única pessoa que deve conhecê-los.
Deixarei de ser prolixo, elíptico, paralelista e conotativo; direi tudo de uma forma resumida e clara.

Ao fim de cada dia, deitarei em meio ao escuro virado para a parede, suspirarei duas ou três vezes contendo o choro, pedirei a mim mesmo para ter calma e, logo em seguida, irei dizer que amanhã tudo se resolverá, sendo retórico comigo mesmo.



Diário de William Frade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário